quinta-feira, 26 de março de 2009

Quando Deus é testemunha














Parada, imóvel, sem ação, assim o ví, sumindo pelos corredores do hospital. Parecia forte, seguro, homem macho de uma geração que não chora. Mas, os nossos 42 anos em comum, me mostrava um menino amendrontado, vulnerável e aterrorizado pelo desconhecido.

Jamais teve uma gripe mais forte sequer, entretanto um câncer de próstata sem aviso chegou.

Através da porta do centro cirúrgico, eu e Deus rezávamos por ele. Fora, uma legião de amigos e parentes faziam o mesmo.

A operação propriamente dita poderia ter corrido normal com sucesso, não fôra por uma falta de oxigenação parecida a uma crise aguda de asma, que o levou à UTI entubado e com aparelhos que apitavam, som conhecido em outros familiares, que me causaram arrepios. Graças a Deus e aos médicos tudo foi controlado, solucionado.

A equipe médica do Hospital dos Servidores, na área da Urologia, demonstrou não apenas competência , mas humanidade. Perspicaz e observador, o médico da UTI, percebendo o meu desespero e da família, assim que retirou o tubo e os aparelhos, nos chamou para que pudéssemos ver que ele já estava consciente. Tirou com as mãos um sofrimento que iria se alastrar noite afora.
Quando entrei, o médico disse:
_ Antonio, vc reconhece quem acabou de entrar????? Ele respondeu:
_ Claro...é a minha gata.
Estava de volta.
Em casa, já recuperado do medo, a certeza de um longo tratamento que deve seguir adiante.

quinta-feira, 5 de março de 2009

R E P E T E C O - Copacabana

Acho... que vale a pena ler de novo.

Os anos passavam devagar naquela época. Dezembro demoraaaava a chegar.

Venceslau me perdia pelos meses das férias escolares, e o Rio descortinava à minha frente como um cenário apoteótico.

Copacabana me recebia por alguns 15 dias, apartamento da minha madrinha Mirthes, e a Ilha do Governador o restante do período, na casa das minhas tias Lourdes e Candoca.

Admirava aquela cidade liiinda, os letreiros luminosos, as lâmpadinhas correndo uma atrás das outras, muuuita tecnologia. As carrocinhas de kibon, o chicabon (como sentia falta dele na minha cidade) , as amendoeiras, as calçadas famosas por seus desenhos, a praia!!!!! ah!!! a praia, eram símbolos de uma cidade acolhedora nos anos 50/60.

Dindinha, Kátia tão pequenininha e linda, e eu, munidas de baldinho, rastelinho, guarda sol, e outros apetrechos, saíamos da Pompeo Loureiro, direto para o posto 6. Era uma aventura.
Lembro-me bem, ainda com meus 12 anos, deixava minha madrinha aos gritos , porque sabendo nadar queria desbravar o oceano.

Ela me enchia de mimos, fazia comidas deliciosas. Passeávamos todas as tardes na Avenida Atlântica, Barata Ribeiro, aquela brisa deliciosa batia no rosto misturando frescor e felicidade. A escada rolante das Lojas Americanas, que eu subia e descia quantas vezes minhas perninhas aguentavam, e o lanche de cachorro quente, eram um parque de diversões.

A cidade enfeitada para as festas era tão deslumbrante, irreal, quase um sonho. Sonho realizado todos os anos, mas sempre como se fôra a 1ª vez. Cidade maravilhosa.
As lembranças do passado são tão fortes e nítidas, que o presente não consegue apagar

Copacabana... princesinha do mar!!!!!!!!